Instituto Pensar - Brasil treina peruanas em inovações para setor algodoeiro

Brasil treina peruanas em inovações para setor algodoeiro

Algodão tem papel estratégico no desenvolvimento sustentável da América Latina

Com o objetivo de fortalecer capacidades na cadeia de valor do algodão, duas pesquisadoras peruanas do Instituto Nacional de Inovação Agrária (INIA) estiveram no Brasil este mês para um estágio no escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão), na cidade de Campina Grande (PB).

No Peru, a produção de algodão representa o sustento de mais de 8 mil agricultores e agricultoras familiares no país.

Os estágios tiveram apoio financeiro do Programa Nacional de Pesquisa Agropecuária (PNIA), e foram realizados a partir da articulação feita com o projeto de cooperação internacional trilateral Sul-Sul +Algodão Peru.

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), governos peruano e brasileiro executam em conjunto desde 2015 o projeto +Algodão Peru, cujo objetivo é melhorar a competitividade dos sistemas de produção de algodão no país.

O projeto conta com o importante apoio de instituições cooperantes de ambos os países, bem como dos escritórios da FAO do Peru e da Regional para a América Latina e o Caribe.

As pesquisadoras Iris Graciela Junes Núñez e Karina Soledad Zúñiga Sarango foram treinadas em fito-melhoramento do algodão, transferência de tecnologia, gerenciamento e conservação de solos e de água no Semiárido, agroecologia, inclusão social, agricultura familiar e segurança alimentar.

O pesquisador da área de melhoramento vegetal da Embrapa Algodão, Francisco José Correia Farias, avaliou o estágio como uma excelente experiência para obter novos conhecimentos na cadeia de valor do algodão no Brasil, com ênfase na agricultura familiar desenvolvida na região semiárida do país.

Segundo a pesquisadora Graciela Junes, o objetivo do treinamento foi alcançado, destacando temas como a transferência de tecnologia, agroecologia, agricultura familiar, fertilidade do solo, o melhoramento genético do algodão.

Sobre o conhecimento aprendido no Brasil que poderia ser replicado no Peru, Graciela ressaltou que as metodologias de criação de insetos, no manejo integrado de pragas, podem ser implementadas em seu país. "Com isso, poderíamos reduzir muito os custos de produção, evitando a poluição ambiental e cuidando da saúde do produtor”.

O Peru, assim como outros países da América Latina, tem suas culturas de algodão afetadas pelo bicudo do algodão, uma praga que gera grandes perdas econômicas para os agricultores. Durante o treinamento, Graciela e Karina também receberam capacitação sobre o manejo de pragas, com ênfase no bicudo.

Durante o estágio de 60 dias, as pesquisadoras conheceram os laboratórios e os campos experimentais da Embrapa Algodão; participaram de eventos sobre ciência e tecnologia e de uma feira para agricultores familiares do Semiárido, com inovações tecnológicas para o manejo e uso da água e convivência com a seca.

Elas visitaram ainda outros escritórios da Embrapa no Nordeste e no Centro-Oeste do Brasil para conhecer os programas de melhoramento para o cultivo de algodão, o trabalho de melhoria genética e o banco de germoplasma.

Segundo a Embrapa Algodão, o estágio teve bons resultados para Brasil e Peru, pois houve uma troca de conhecimentos e experiências, em diferentes áreas.

"Certamente as pesquisadoras terão condições de iniciar projetos específicos adaptando a nossa realidade ao contexto do Peru”, afirmou Francisco José Correia Farias.

Mais algodão e mais alimentos

O algodão associado às culturas alimentares como estratégia de diversificação e segurança alimentar dos agricultores familiares algodoeiros foi outro aspecto apresentado às pesquisadoras peruanas.

Durante as visitas de campo, elas conheceram as experiências de pequenos agricultores que cultivam algodão em consórcio com feijão, gergelim, batata doce e milho, e criação de aves e caprinos, muito comuns no Nordeste do Brasil.

Segundo Graciela, os agricultores familiares peruanos não têm a cultura de associar vários cultivos, enfocando apenas na monocultura de algodão, milho e feijão.

"Essa é uma característica muito diferente que vimos aqui no Brasil”, disse a pesquisadora, acrescentando que seria possível trabalhar culturas consorciadas com os agricultores familiares de seu país, por meio de pequenos módulos ou em projetos combinados com trabalhos de inovação, pesquisa e transferência.

Agricultura familiar brasileira, algodão e acesso ao mercado

Por sua vez, a pesquisadora Karina Zuñiga apontou como um aprendizado no Brasil a experiência de sistemas agroecológicos de produção de algodão colorido com pequenos produtores.

"Conseguimos ver a articulação muito bem-feita, com acesso a mercados, onde trabalham com produtores por meio de sistemas de segurança alimentar, inclusão social e agroecologia”.

Fonte: ONU Brasil



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